Cinco Minutos de Jazz - José Duarte Capa mole

cosimo Inquietação. Um, dois(pausa), um, dois, três, quatro_cinco minutos de Jazz.

(Classificação 3 de 5)

CINCO MINUTOS DE JAZZ

Li e reli “Cinco Minutos de Jazz” de José Duarte.

Este pioneiro da “talvez melhor música do mundo” é um gajo complicado.

As frases caem-lhe ao jeito Free, diz o que é, o que não é, o que podia ser mas não quer, o que quer ser mas não pode e ainda o que quer, pode e é.

O Zé, vou trata-lo assim porque o ouço desde os meus dez anos, ainda na rádio Renascença, merece-me todo o respeito. Nos anos 70, no pós Rock’n Roll, estimar o jazz não era tarefa fácil.
Como ainda não tinha televisão, a rádio preenchia-me uma boa parte do tempo. Corria a época das rádio-novelas, do Simplesmente Maria e dos Parodiantes de Lisboa. Mais tarde viriam a Discoteca, Som da Frente, o Vapor. No meio de tanta Pop/Rock, aqueles trezentos segundos soavam-me a algum exotismo e como dizia o Pessoa a outro propósito “primeiro estranha-se, depois entranha-se“.

Hoje o Jazz em Portugal é mais democrático, o Zé é o guru de um curso superior dedicado ao tema, os músicos vão aparecendo a projectar carreiras internacionais e cada canto tem seu clube ou festival. As consequências desta massificação são muitas vezes incómodas, o público ainda não teve tempo de aprender a “ouver”. Em 2000 o Zé inquietava-se com isso. Eu, não consigo ver aqui nenhum problema. Se me atrevo a escrever que "esta é talvez a melhor música do mundo” é porque aqui lhe reconheço a maior das disponibilidades para se fundir e entregar a quem e ao que lhe aparecer. O barulho, os enganos, as interferências e o oportunismo fazem parte da sua informalidade que é parte fundamental da sua essência. O Jazz permite-nos um sentimento descontrolado aproximando-nos ao rock mas exige-nos uma disciplina próxima da clássica. A sua ambiguidade é a sua riqueza.

Um, dois(pausa), um, dois, três, quatro_cinco minutos de Jazz. (Cinco Minutos de Jazz)